Racismo, preconceito e suas consequências na atualidade

O racismo não surgiu de uma hora para outra. Ele é fruto de um longo processo de amadurecimento

(Foto: Mundo Educação)

Por Leidyane Paiva Ferreira, Itamara Régia de Souza e Luzineide Márcia de Paula Gomes*

O presente trabalho tem por objetivo trazer abordagens relacionadas ao racismo e preconceito destacando suas consequências na atualidade, sendo assim falaremos dessa temática de forma mais ampla, na qual buscaremos entender sua historicidade, conceituação e assim desenvolver uma concepção reflexiva desta problemática que perpetua na nossa sociedade e que a cada dia que se torna preocupante, pois todo dia vivenciamos práticas de racismo. Porém, também cresce o nível de percepção, consciência de que esse problema é maléfico e precisa ser combatido, denunciado. Assim vamos eliminando qualquer tipo de preconceito. Portanto, para entendermos o desenvolvimento e processo histórico desses fatores sociais segundo Ruiz apud Sant’Ana:

…há uma relação muito próxima entre a escravidão a que foram submetidos os negros e a recusa às pessoas de cor negra... ‘O estigma em relação aos negros tem sido reforçado pelos interesses econômicos e sociais que levaram os povos negros à escravidão’. Daí o negro ter se convertido em símbolo de sujeição e de inferioridade. E este conceito negativo sobre o negro foi forjado (SANT’ANA, 2005, p. 41).

Com base nessa citação, podemos observar que nossa sociedade foi colonizada sendo instrumentada pela subordinação e dominação humana baseada na divisão de classe e desigualdade racial, considerando assim uma cultura europeia que foi implantada e enraizada em nossa sociedade brasileira, problemática essa que, com o passar dos anos, sofre suas modificações, porém permanece de forma mais forte. Como afirma Sant´s quando ele diz que:

O racismo não surgiu de uma hora para outra. Ele é fruto de um longo processo de amadurecimento, objetivando usar a mão-de-obra barata através da exploração dos povos colonizados. Exploração que gerava riqueza e poder, sem nenhum custo-extra para o branco colonizador e opressor (SANT’ANA, 2005, p.42).

Diante disso, salientamos que nossa cultura vem sobrevivendo ao longo dos tempos e transmitida de geração em geração, com isso o racismo se transformou em um fenômeno social que, consequentemente, consolida-se através de preconceitos, discriminações e estereótipos. Assim, entendemos o porquê dessa opressão está enraizada em diversas épocas até os dias atuais e se tornado cada dia mais presente no cotidiano em atos racistas, seja pelas mídias digitais, redes sociais e em outros espaços individuais e institucionais.

No Brasil a maior parte da população é negra, porém na questão da empregabilidade as mulheres negras recebem menos em relação a mulheres brancas, os negros ocupam cargos e empregos considerados inferiores. Em relação ao índice de mortalidade no Brasil a população negra apresenta o número maior , na qual destaca se os jovens negros e mulheres negras, na educação são os que tem mais dificuldades em se qualificarem e assim ter acesso a uma universidade, mesmo que estejam em posições melhores de cargo e emprego considerados importantes, ainda sofrem preconceito. Como vimos recentemente o caso de um gerente negro de uma loja de shopping que foi mais uma vítima desse preconceito enraizado, quando foi abordado por um casal de idosos brancos, eles perguntaram quem era o gerente, quando o jovem respondeu sou eu, em que posso ajudar, eles ficaram indignados por ser ele o gerente (MESMER, 2020). Portanto, a cada dia atos como esses que fazem parte de nossa rotina, e apesar das grandes evoluções que nossa sociedade passou, é triste sabermos que casos assim acontecem constantemente e muitas pessoas levam isso com naturalidade.

Então, devemos refletir se nossa sociedade evoluiu realmente ou está retrocedendo e se transformando mais uma vez em uma sociedade de classe opressora em que a desigualdade racial. Diante disso, não podemos nos deixar levar por tudo isso e deixarmos de acreditar que é possível reconstruir nossa sociedade, que é possível combater o racismo, preconceito e a discriminação racial. Sabemos que não é uma luta fácil, mas não é impossível.

Primeiramente, temos que aprender a refletir e se colocar no lugar do próximo, ver o quanto é humilhante e indignante você não ter acesso a uma educação, formação, a saúde, a um cargo de emprego, por que os outros implantam limitações por causa de sua cor. É revoltante convivermos com esses pensamentos. Precisamos lutar contra o racismo, pois nós sujeitos não nascemos preconceituosos. Se lutarmos juntos podemos descontruir através de uma das ferramenta importante que é a educação, pois ela tem o poder de transformar a sociedade.

*Estudantes do Curso de Licenciatura Interdisciplinar em Educação do Campo da Universidade Federal Rural do Semi-Árido.

**Esta postagem faz parte de uma parceria do Blog Carol Ribeiro com o projeto Letramento Étnico-Racial.


Referências

MESMER, Matheus. Gerente de loja de Governador Valadares é vítima de racismo e recebe homenagens de colegas de trabalho: ‘Quero que as pessoas se amem’. Disponivel em Vales de Minas Gerais | G1 (globo.com) Acesso em: 26 Nov.2020.

SANT’ANA, Antonio Olímpio de: História e conceitos básicos sobre racismo e seus derivados. In: MUNANGA, Kabengele. Superando o Racismo na escola.Brasília/DF: MEC, SECAD, 2005.

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