Por que Isolda caiu de segunda colocada para o segundo pelotão dos derrotados?
Isolda é popular dentro do nicho identitário, mas não conseguiu transpor o limite (Foto: assessoria de imprensa) |
Pesquisas eleitorais precoces, uma ainda em abril do ano passado, e outra do mesmo instituto em agosto, apontavam a deputada estadual Isolda Dantas (PT) - candidata derrotada nas últimas eleições a prefeito de Mossoró - figurando em empate técnico com Allyson Bezerra (SDD).
Em agosto desse ano, três pesquisas, dessa vez incluindo Cláudia Regina (DEM) - que com o adiamento das eleições ganhou o direito de disputar - já mostrava uma desidratação de Isolda e maior concentração dos votos de oposição em Allyson e na ex-prefeita democrata.
Já ao abrir as urnas, em 15 de novembro, a petista só tinha 8 mil votos, menos que Gutemberg Dias (PCdoB) obteve quatro anos antes e menos ainda do que o PT costuma ter em Eleições Gerais na cidade, tanto pra presidente, quanto com Fátima Bezerra concorrendo ao Senado e depois ao Governo do RN.
O que poderia explicar uma candidatura minguando ao longo de meses mesmo sem ter sofrido nenhum grande desgaste político?
Fazendo essa consideração sobre o histórico de votação do PT em Mossoró, podemos descartar que tenha sido antipetismo puro e simples.
Há três fatos que merecem atenção para análise desse caso:
1) Isolda se tornou uma candidata de nicho. Sem ter um diálogo amplo com todos os setores da sociedade, sobraria para o marketing de campanha tentar apresentá-la como uma candidata de todos e não somente de grupos de movimentos sociais e identitários de esquerda. Seria o conhecido "sair da bolha";
2) Sua postura governista na Assembleia Legislativa, tendo, inclusive, contribuído para aprovação da Reforma da Previdência, contrastou com seu histórico de luta pelos trabalhadores e pode lhe ter rendido pontos na altíssima rejeição ao seu nome, detectada desde as primeiras pesquisas desse ano;
3) Erros estratégicos do marketing de sua campanha não superaram estes dois pontos já citados: a fizeram perder as condições de se apresentar como a candidata que poderia representar toda a sociedade, e não só o nicho, e de vencer a barreira da rejeição para tornar uma candidatura majoritára viável.
O resultado respingou na campanha proporcional, quando apenas um nome do partido foi eleito, mesmo a sigla apresentando pelo menos três nomes com estrutura para competir por mais cadeiras no legislativo municipal.
Enfraquecido, o PT mossoroense precisa agora fazer a necessária auto crítica dos derrotados para focar em 2024. Mas já sabendo que em 2022, quando terá o desafio de reeleger Fátima Bezerra e Isolda após o declínio nacional da sigla nas Eleições Municipais e em meio a candidatura à reeleição de Bolsonaro, as dificuldades tendem a ser maiores.
Se em 2024 a gestão de Allyson estiver desgastada e o antirrosalbismo ainda forte, pode até favorecer uma terceira via, como Isolda. Mas só se até lá ela souber trilhar o caminho das pedras que leva à eleição e superar as falhas de 2020.