Coletivo LGBT acompanha estado de saúde de Bia Beatriz e faz esclarecimento
(Foto: web) |
De acordo com nota enviada pelo grupo, o caso é grave, não só pela suspeita de agressão, mas também pela "má-fé" de grupos que têm feito campanhas para doação em dinheiro.
Bia Beatriz está hospitalizada em estado grave e ontem (28) apresentou uma piora, correndo risco de morte.
Leia detalhes na nota do Coletivo na íntegra:
"Somos quem podemos ser"
O Coletivo DêBandeira está presente nas lutas em Mossoró desde 2015. Foi criado pela necessidade de dialogar com a sociedade, com o Estado, com a classe política acerca das políticas públicas para a garantia da cidadania LGBT.
Enfrentamos a intolerância imposta às escolas quando Lei aprovadas impediam de ser discutido o tema gênero, identidade e orientação sexual; solicitamos audiência pública para falar sobre LGBTfobia; realizamos a I Conferência de direitos LGBT da cidade de Mossoró.
Ocupamos todos os espaços possíveis para dizer que a intolerância e o discurso de ódio machucam, violentam, matam, e não nos calamos diante do que acontece. Somos resistência!
Agora ainda mais.
Mossoró vive um caso de violência contra a travesti Bia Beatriz que tem tirado o nosso sono. Ela se encontra internada com indícios sérios de agressão. Como tantas outras travestis, vivia do seu trabalho, do usufruto do seu corpo, igual ao corpo de tantas outras. Cotidianamente, se veem negadas aos direitos de educação, saúde, moradia, trabalho, assistência social, segurança e muitos outros.
Em meio a tanta negação é que o Coletivo DêBandeira se sensibilizou para desenvolver uma campanha solidária em prol da vida de Bia Beatriz, que foi iniciada após visita de algumas companheiras do coletivo no mesmo dia que Bia foi hospitalizada. Pedimos a doação de fraldas descartáveis, lenços umedecidos, mesmo sabendo que toda assistência, nesse momento, é dada pelo hospital.
Também pedimos alimentos não perecíveis porque sabemos que a família de Bia vive em situação de vulnerabilidade social. Mesmo diante de tantas complexidades, segundo relatos de familiares, tudo que Bia conseguia era para o sustento da família mantendo o mínimo de dignidade com o fruto do seu trabalho diurno e noturno.
No entanto, o Coletivo DêBandeira não pode se responsabilizar pela má-fé humana. São muitos grupos fazendo campanha, inclusive pedindo doações em dinheiro, o que não é o nosso caso, gerando grandes conflitos e desentendimentos entre os que não perdem a ocasião para falar.
O que nos preocupa nesse instante é o restabelecimento da companheira. Ela precisa estar viva para que possamos solucionar o ocorrido: O que houve de fato? O agressor tem nome? Como se deu o ocorrido?
Contamos com parcerias amigas já que não temos mecanismos para contribuir de forma mais efetiva.
Há muito mostramos a necessidade do Conselho Municipal de políticas públicas e direitos humanos lgbt.
A sociedade, o Estado, o poder público não podem se calar diante do fato.
A gente vai até onde é possível chegar. Gostaríamos de muito mais: uma casa de apoio, assistência jurídica, atendimento médico humanizado... Enquanto tudo isso não chega, metemos a boca no trombone e realizamos as nossas ações com dignidade, respeito e muito compromisso com as causas LGBT.
Rede Dêbandeira