Centro Feminista inicia construção de tecnologia de reuso de água na UERN
Projeto dá possibilidade de autonomia às mulheres do semiárido (Foto: cedida) |
Nesta terça (23), o Centro Feminista 8 de Março deu início à construção do Sistema Água Viva, de reuso de água, no campus central da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). A construção é uma das ações promovidas pelo projeto Redesenhando a vida: transformando o Semiárido, executado pelo Centro Feminista e co-financiado pela União Europeia.
O Água Viva consiste em filtrar água do consumo doméstico – da lavagem de roupas, louças e banho – tornando-a boa para regar frutíferas e hortaliças. Conceição Dantas, coordenadora do projeto Redesenhando, conta que a tecnologia nasceu a partir da demanda e criatividade das mulheres rurais na busca de alternativas de enfrentamento à dificuldade de acesso à água.
“Em outro projeto que executamos, também co-financiado pela União Europeia, fizemos parceria com a UFERSA e, junto com as mulheres, elaboramos o filtro de reuso para potencializar os seus quintais produtivos. De lá para cá, as mulheres conseguiram melhorar, adaptar e se apropriar ainda mais da tecnologia, construindo seus próprios filtros”.
UERN
Por meio de intercâmbios entre a universidade e o Centro Feminista, surgiu o interesse e a proposta de construção do filtro dentro da UERN. De acordo com o professor Alexandre Oliveira, do curso de Gestão Ambiental: “Existe um grande problema na universidade que é a destinação das suas águas. A UERN não tem sistema de esgotamento sanitário e gasta mais de 30 mil reais por ano com carros para fazer a limpeza das fossas. Esta primeira tecnologia será um passo para que a instituição passe a pensar em alternativas de reuso. A água do reuso será utilizada para irrigar uma cerca viva e arborizar a UERN com plantas nativas”.
Alexandre afirma que a instalação do filtro também contemplará a parte de ensino e aprendizagem: “Através dessa ação, vamos possibilitar que os estudantes tenham uma vivência prática com as tecnologias de convivência com o semiárido, proporcionando, assim, a qualificação dos discentes para além do teórico. Na nossa avaliação, a iniciativa proporciona um estreitamento da academia com ONGs e movimentos sociais, o que é fundamental para que a universidade se aproxime do que tá acontecendo em nosso entorno”.
Para Conceição Dantas, o Centro Feminista também sai ganhando com a replicação da experiência. “Através dessa parceria, possibilitada pela União Europeia, estamos fazendo com que a UERN cumpra o seu papel de desenvolver ciência para a sociedade, para as pessoas. No momento em que ela (UERN) quer instalar essa tecnologia para estudos dentro da universidade, isso faz com que ela olhe os problemas da convivência com o semiárido e para a pauta das mulheres para, junto com a comunidade, construir conhecimentos e alternativas capazes de dar autonomia às pessoas, por uma convivência com o semiárido que não seja pautada na dominação”.